Custa a acreditar que já passaram 5 anos desde que te toquei pela primeira vez. Foi o dia mais emocionante da minha vida posso dizê-lo com toda a segurança. Não fazia ideia para o que ia (realmente não fazia, era a primeira vez) quando fomos para o hospital de Santa Maria para o teu parto.
Foste o meu primeiro filho e foi contigo que descobri todas as primeiras emoções relacionadas com maternidade.
Mentia-te se dissesse que não me lembro da minha vida antes de teres nascido… talvez daqui a uns bons anos seja o caso, por enquanto lembro-me bem. Lembro-me muito da liberdade ou se calhar devo dizer energia que tinha antes de teres nascido (e depois os teus irmãos) para, por exemplo, ver televisão depois do trabalho e de fazer um jantar tirado de um livro de receitas.
A parte da cozinha era e ainda é maioritariamente o departamento do teu pai. Eu nunca gostei muito da obrigatoriedade de cozinhar todos os dias, mas ainda assim gosto de jantar e de vez enquanto gosto de improvisar na cozinha, MAS sem receitas. Na mão cheia de anos antes de nasceres costumávamos ir jantar fora com alguma frequência, ou simplesmente jantar sem ter que engolir a comida enquanto tentamos manter ordem na mesa, para não voar comida ou miúdos das cadeiras. (Sabes, aqui em jeito de confidência, que já fomos jantar sozinhos depois de teres nascido… mas com o hábito também engolimos a comida e só no final nos apercebemos que comemos a correr… sem necessidade, porque tu e o mano estavam felizes a brincar com os primos em casa dos avós).
Costumávamos ir ao cinema e comer um crepe antes da sessão, e 2 vezes por semana ao ginásio fazer umas aulas que nos “matavam”, mas que tão bem nos faziam sentir depois, íamos de bicicleta para a cidade às compras ou passear nos colégios espalhados por Cambridge, tínhamos imensos eventos organizados pela Sociedade Portuguesa. Ou simplesmente trabalhar noite adentro, porque não tínhamos que acordar uma mão cheia de vezes.
Lembro-me bem, e se às vezes tenho saudades destes tempos (poucas, muito poucas vezes, apesar das saudades das pessoas estarem sempre lá) não imaginas como me sinto abençoada e tão agradecida por esta dávida.
Foste o meu primeiro filho e foi contigo que descobri todas as primeiras emoções relacionadas com maternidade.
as nossas expectativas como pais valem o que valem e valem muito pouco
Nem tudo foi fácil, especialmente depois do parto, mas valeu a pena, tem valido a pena, SE tem.
As expectativas em relação ao bebé que vai nascer são inevitáveis. Com quem irias ser parecido, como seria a tua personalidade, os teus gostos???… Para o teu pai por exemplo foi estranho ter um bebé moreno de olhos castanhos (quando todos os sobrinhos era loirinhos de olhos azuis). Já eu às vezes punha-me a imaginar como serias (como pessoa) quando crescesses. Kind of ridículo talvez, mas imaginei.
só serás verdadeiramente feliz se fores fiel a ti mesmo!
A verdade… é que as nossas expectativas como pais valem o que valem e valem muito pouco, digo eu, porque não tens nem deves crescer à medida do que eu imaginei para ti. Isto porque se há algo que a maternidade (e a vida) me tem ensinado (e que eu tenho aprendido) é que eu te amo do TEU jeito, como TU és “with your perfect imperfections”
E… só serás verdadeiramente feliz se fores fiel a ti mesmo! Há pormenores no teu crescimento como pessoa que temos que “ajustar” para que cresças bem e saudável. Faremos tudo isso em conjunto, respeitando sempre aquilo que te faz feliz… para te guiar e te ajudar a crescer da melhor forma possível, nós, a tua família, a escola e os nossos amigos. Vão existir momentos em que vamos discordar, haverão muitos momentos. E eu espero estar sempre à altura de fazer as escolhas certas.
Tu também tens expectativas em relação a mim, mas por enquanto a um nível diferente… Se há dias que sou “a miúda com quem queres casar” e a tua namorada mesmo quando tens namorada na escola (porque eu sou sempre a tua namorada na mesma, dizes tu). Outros dias não estou convidada para a tua festa de anos e dizes que “não gostas de mim, nunca mais”, para logo a seguir te vires abraçar a mim a chorar.
Esperas todos os dias quando vens para casa que te deixe brincar no iPad e ficas muito furioso quando não te deixo, ou quando deixo o teu mano ver a patrulha pata em vez de te deixar ver a ti o Dino Dan no canal Panda. Ou quando não te deixo comer gomas… “Queres que fique furioso, queres????” perguntas indignado e eu sorrio secretamente sem que vejas. É que eu acho-te muita piada quando estás furioso 🙂 e tentas gerir sozinho todas essas emoções. É uma constante aprendizagem, não é Liam?
E eu tenho aprendido muito contigo, tenho-me conhecido melhor e tenho (tentado) crescer como pessoa enquanto tua mãe – quero ser um exemplo para ti.
Tenho um orgulho muito grande em ti, tenho mesmo! E mais do que orgulho, AMO-TE.
Parabéns pela tua mão cheia de anos (como tu dizes)!!!! E que nós possamos estar muitas mãos muitas muitas muitas mesmo a teu lado, para te amarmos e guiarmos. Sempre que precisares de um ombro, de um beijo cá estarei, e também para um puxão de orelhas, mesmo que seja daqui a muitas muitas muitas muitas mãos cheias de anos. Porque o amor de Mãe e Pai É PARA SEMPRE!
ps Pedi-te para tirarmos uma selfie juntos no dia a seguir aos teus anos, disseste que sim, mas só se fosse com caretas. Aqui tens a nossa selfie. Depois fomos para a praia e à beira mar, enquanto te ajudava a saltar as ondinhas e a mergulhar debaixo da espuma, disseste-me “Mamã és muito divertida!” E com aquelas cara de adrenalina meio assustada esperavas pela próxima onda de 5 metros (a mim batiam-me nas pernas)… Sabes que eu também achava que as ondas eram gigantes quando ia para a água com o avô, era assustadoramente divertido e ainda hoje recordo. Por isso… não te esqueças